Tecnologias Assistivas para a Síntese, Tradução e Reconhecimento da Língua de Sinais Brasileira

Há aproximadamente 9,7 milhões de cidadãos brasileiros surdos e/ou que possuem deficiência auditiva. Cerca de 30 por cento da comunidade surda brasileira é analfabeta em Português. Pessoas com deficiência auditiva, sobretudo aquelas que nasceram surdas ou que não foram alfabetizadas antes de adquirir a deficiência, enfrentam dificuldades no acesso a conteúdo escrito. Exemplos de tais conteúdos abrangem desde simples avisos informativos até livros didáticos e técnicos. Para enfrentar esta situação, inovações estão sendo introduzidas no sistema de ensino do país voltado à educação bilíngue. Na educação bilíngue, as crianças surdas têm a oportunidade de serem ensinadas na Língua de Sinais Brasileira, como primeira língua, e aprender Português escrito como segunda língua. No entanto, a implementação da educação bilíngue não é uma tarefa simples e imediata, principalmente porque exige a formação e treinamento de professores e intérpretes em volume suficiente para fazer frente ao desafio. Como consequência, a prática de ensino atualmente vigente nas escolas apoia-se fortemente na linguagem oral e em material escrito, comprometendo a inclusão dos surdos e reforçando uma injusta situação de desvantagens em relação aos colegas ouvintes. Em uma escola inclusiva, o uso dos mesmos livros escolares por todos os alunos, ouvintes ou surdos, é desejável, no entanto, representa um grande obstáculo para os alunos surdos, já que o desempenho de leitura destes alunos é, em geral, inferior ao dos colegas ouvintes. Uma das frentes do projeto busca abordar este problema e melhorar a acessibilidade dos alunos surdos ao material escrito e ajudá-los a dominar o Português como segunda língua. Esta frente tem como foco principal o desenvolvimento de um sistema automático de tradução Português-Libras, no qual a apresentação do conteúdo traduzido é realizada por um humano virtual animado, ou avatar. Outra frente do projeto busca oferecer recursos tecnológicos para facilitar a comunicação dos surdos falantes de Libras com a sociedade ouvinte. Em um mundo cujo principal meio de comunicação é a linguagem oral e escrita, os surdos enfrentam severas barreiras de comunicação, tendo enormes dificuldades de acesso a informações básicas e a serviços públicos. Tarefas simples como pedir orientação no balcão de informações em um centro de saúde, ou mesmo se consultar com um médico, acabam sendo desafios insuperáveis. Neste contexto, abordagens tecnológicas voltadas ao reconhecimento automático da língua de sinais podem ajudar a reduzir estas barreiras e promover uma maior eficiência e autonomia do deficiente auditivo na realização de atividades essenciais . Assim, a segunda frente do projeto busca avançar no desenvolvimento de um sistema automático de reconhecimento da Língua de Sinais Brasileira. Além da contribuição à formação de pessoal qualificado na área de tecnologia assistiva, o trabalho procura contribuir para o estudo da Libras como língua natural, para a difusão da[...]

2015 - Atual